Não é segredo para ninguém que as lojas
de troca de ouro usado por dinheiro são o mais recente fenómeno do mundo
urbano. Ao que se pôde apurar, aparecem por geração espontânea, por vezes mais
que uma vez em cada rua de uma cidade - são o novo chinês.
Já fazia falta uma boa competição
saudável a esta já conhecida “erva daninha”, mas esta expansão não menospreza
os feitos dos chineses que abrem lojas como se abrem minis num Europeu de
futebol.
São bastante referidas as desvantagens
dos chineses e dos seus produtos, contudo as lojas de troca de ouro por
dinheiro só trazem vantagens. Primeiro, são de fácil acesso, basta sair à rua e
escolher qual das três ou quatro tem a montra mais bonita. Em segundo lugar
torna-se muito menos árdua a tarefa dos assaltantes de encontrar um sítio onde
possam vender a pulseira que acabam de requisitar de uma idosa transeunte. E
resumindo, em terceiro, revoluciona por completo o conceito de ladroagem.
Senão vejamos, um indivíduo (que aqui
pode ser representado por um jovem de etnia negra, para não criar preconceitos) vai a passear na rua quando encontra uma senhora de meia-idade e lhe rouba o
colar de ouro por esticão enquanto o resto dos presentes desempenham o papel de
espectadores num jardim zoológico – fascinados com o que vêem, mas sem coragem
para ir implicar com o bicho. De seguida, perguntando-se pelo que fazer ao
colar, olha para a direita e vê que está à porta de uma loja “Valores”.
Dirige-se a um balcão e diz que quer vender o colar. O senhor que o atende, ao
reparar, após minuciosa avaliação do colar, que este vale cerca de 80, 100
euros, diz que o troca por 30. Depois de explicar que é por ser usado e porque
o oxigénio causa uma alergia nas moléculas de ouro do ouro, ou outra explicação
cientificamente compreensível, o individuo lá aceita e troca o colar pelas
notas. Mete-as ao bolso, estende a navalha e diz: “Agora dá-me também o colar.”.
Isto incentiva a quê?
Ainda no outro dia estava a passar numa
rua com 3(!) lojas dos chineses, curiosamente paralela a outra com 3 lojas de
troca de ouro por dinheiro (uma espécie de frente de batalha, talvez), estando
estas dos chineses completamente munidas de montras com lâminas de barbear
capazes da “adopção das importações alta resistência razor lâmina de aço
inoxidável, ultima longa e aguçada, super graves”, até porque, homem que se
preze, necessita de uma lâmina com graves de qualidade, e reparei numa loja onde anunciavam que, e cito: “Trocamos o
seu telemóvel velho por dinheiro!”.
Acho isto maravilhoso. Proponho até,
como futuras jogadas de marketing, a abertura de lojas onde se trocam rádios do
carro, carteiras, televisões, e, quem sabe, vidro de montras por dinheiro.
Isto tudo não podia ser melhor resumido do
que pela sabedoria popular em relação à mudança de governo – mudam-se as
moscas, mas a merda é a mesma.
Por Hugo M. Félix
Escrito segundo o antigo acordo ortográfico.
A tua capacidade de escrita esta cada vez melhor! Adorei! Como sempre!
ResponderEliminarA tua fã nº -1 xD ;)